Ateliês de Leitura

Ateliê de Psicanálise, Artes e Corpo: O quadro e o objeto

Responsáveis: Luciana Romagnolli e Priscila de Sá Santos

APRESENTAÇÃO

De quais modos as formulações de Lacan desde o objeto a nos permitem aproximações às artes contemporâneas? E o que essas expressões artísticas podem ensinar aos psicanalistas sobre os corpos falantes e seus modos de gozo?

No Ateliê de Psicanálise, Artes e Corpo, propomos localizar na leitura do Seminário 11 de Lacan a relação entre o objeto a e a arte, desde a qual podemos pensar a obra de artistas contemporâneas como Francesca Woodman, cujos autorretratos borram a imagem corporal, capturando algo de um corpo que escapa. Para tanto, vamos à leitura de dois capítulos do livro “Os mortos-vivos e a psicanálise”, no qual Henri Kaufmanner revisita a questão do olhar em Lacan para apresentar suas elucubrações sobre a imagem hoje.

Henri escreve: “Parece que, desde pequena, Francesca se deparou com a pergunta sobre o que é ter um corpo; desde cedo esteve provocada pelo intratável entre sua experiência no real e sua apreensão na cadeia de sentidos. Mas foi na fotografia que ela pôde, com talento, levar às últimas consequências o que, dessa invasão pulsional, não se deixava apreender” (2024, p. 156).

Assim, propomos um percurso de leitura que nos permita ler a produção de autorretratos da artista para além da imagem especular do corpo, arrebatado pelo gozo.

CRONOGRAMA

Duração: encontros, quinzenais, às quintas-feiras. Setembro a dezembro de 2025.

Datas e horários: 11 e 25/9, 9 e 23/10, 6 e 20/11, 4/12, das 8h45 às 10h30.

Onde: encontros presenciais em Curitiba e on-line, em modalidade híbrida.

PROGRAMA

11/09. Apresentação do trabalho do Ateliê e das fotografias de Francesca Woodman.

25/09. Leitura da Lição VI do Seminário 11, de Jacques Lacan.

09/10. Leitura da Lição VII do Seminário 11, de Jacques Lacan.

23/10. Leitura da Lição VIII do Seminário 11, de Jacques Lacan.

06/11. Leitura da Lição IV do Seminário 11, de Jacques Lacan.

20/11. Leitura de “Sobre o olhar”, de H. Kaufmanner.

04/12. Leitura de “A imagem hoje”, de H. Kaufmanner.

LACAN, Jaques. “Do olhar como objeto a minúsculo” (Lições VI, VII, VIII e IX). In: O Seminário, Livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 2008  pp. 71-119.

KAUFMANNER, Henri. “Sobre o olhar” e “A imagem hoje”. In: Os mortos-vivos e a psicanálise: dos zumbis aos arrebatados pela imagem. Belo Horizonte: Scriptum, 2024. pp. 70 a 161.

Obras de Francesca Woodman

PROPOSITORAS

Luciana Romagnolli é jornalista e pesquisadora de Artes do Corpo no Pós-doutorado da USP com bolsa CNPq. Doutora em Teatro pela USP, mestre em Artes pela UFMG, e com especializações em Literatura Dramática e Teatro (UTFPR) e Psicologia Clínica e Psicanálise (PUC-PR). Psicanalista em formação permanente, com estudos realizados no IPSM-MG e orientados à Escola Brasileira de Psicanálise.

Priscila de Sá Santos é psicóloga, tem especialização em Filosofia pela UFPR, Psicologia clínica pela PUC-PR e mestrado em Letras pela UFPR. Psicanalista em formação permanente, participante da seção Sul da EBP.

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Ateliê de Leitura do Seminário 14 – A Lógica do Fantasma

Responsável: Ruberval Silva

Justificativa:

Partiremos da escrita que já estabeleci acerca disso, a saber a fórmula ($< >a), a ser lida como “S” barrado, punção a minúsculo.

Lembro que nessa fórmula o $ representa – ocupa o lugar de – isto que ele devolve em relação à divisão do sujeito, que se encontra no princípio de toda descoberta freudiana. Ela consiste no fato de que o sujeito está por um lado barrado do que o constitui propriamente como função do inconsciente (LACAN, 2024, p.12)

Nessa passagem do seminário 14 já é possível verificar a relevância do conceito de fantasma e sua relação com o inconsciente. O sujeito dividido não se percebe imediatamente como uma função do inconsciente; ao admitir o inconsciente, necessariamente a relação deste com o sujeito barrado será mediada pelo fantasma que será fundamental para a articulação da realidade. A forma de articulação do fantasma, em um certo sentido, irá apontar para os modos de estar no mundo que o sujeito assume ao longo de sua vida. O fantasma como instância singular e privilegiada da construção do laço social.

De um modo geral, a fórmula do fantasma mostra a relação assimétrica entre o sujeito do inconsciente, dividido constitutivamente pelo significante, e o objeto inapreensível do desejo situado no campo do Outro. O matema já marca que o fantasma – no contexto do seminário 14 – pertencerá a uma estrutura significante, o que o diferencia da ideia geral de fantasia classicamente situada como uma atividade da imaginação.

Diante da pergunta “Que queres?” o fantasma irá se constituir como um cenário a partir de onde o sujeito poderá formular respostas a respeito dos paradoxos do gozo e do desejo, servirá também como defesa diante do real, como uma tela opaca – um filtro que funciona como um escudo diante do real. Instância singular da constituição da realidade entendida como uma banda de moebius – onde há uma permeabilidade entre o dentro e fora o que aponta para uma ideia de extimidade.

É a partir do fantasma inconsciente que o sujeito irá organizar toda sua vida psíquica – sua realidade propriamente dita. Diante dessa formulação, espera-se que ao longo de uma análise haverá uma articulação entre sintoma, gozo, satisfação imaginária e fantasma. Talvez seja possível dizer que será a partir do fantasma – paradigma que organiza a vida subjetiva – que o sujeito irá formular o sintoma analítico sob a forma de uma pergunta dirigida a um outro. No fundamento dessa pergunta haverá uma operação lógica (que pertence ao significante) que implicará o sujeito na sua própria divisão; essa operação quando explicitada sinalizaria uma possível entrada no processo analítico na medida em que ela carregará em si a questão “que queres?”. O sentido de “operação lógica” aponta para aquilo que pode ser falado e formulado pela lógica do significante e que sempre o é de forma incompleta – parece haver uma entrada aqui para a articulação entre saber e verdade em um contexto amplo onde a possibilidade de metalinguagem é eliminada. Dessa incompletude segue a relação fantasma-gozo, fantasma-real, fantasma-sintoma. . .

A formulação acima justifica em linhas muito gerais a importância do conceito de fantasma – como um artefato significante construído em análise – e sua relevância clínica; além de justificar também o desejo de conversar a respeito.

Referências

Lacan, J. O seminário, livro 14: A Lógica do Fantasma. (1966-1967) Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Zahar, 2024.

Miller, J.-A. Sintoma-Fantasma. In: Opção Lacaniana, n. 88, abril de 2024.

Miller, J.-A. Proposição sobre lógica do fantasma. In: Opção Lacaniana, n. 88, abril de 2024.

Modo de funcionamento:

  • encontros quinzenais on-line segunda-feira das 18h às 19h30min
  • Início: 9 de junho
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Ateliê de Leitura do Seminário 10

Responsável: Mariana Dias

angústia

Um ateliê é um espaço onde artesãos trabalham em conjunto em torno de uma obra.

O Ateliê nos convoca a pôr as mãos à obra. Acompanharemos Lacan na sua invenção do objeto que será o ponto de báscula que marcará a radical diferença da psicanálise. O objeto a, operador lógico de suma importância na prática analítica, ganha estatuto privilegiado na leitura da psicanálise sobre o contemporâneo. Apostamos na conversação e na leitura ativa, em uma atividade exclusivamente presencial, como ferramentas para pôr o desejo em causa e convidar às invenções de cada um. 

Datas: 2as e 4as sextas-feiras de cada mês 

  • 8 e 22 de agosto
  • 12 e 26 de setembro
  • 10 e 24 de outubro
  • 14 e 28 de novembro 

Horário: 10h30min

Inscrições: marianadiias@gmail.com

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