Programação da Diretoria de Núcleos, Ateliês e Clínica
2o Semestre 2024
Jornada dos Núcleos de Pesquisa do Instituto com a participação do CIEN-SC
- Nos dias 18 e 19 de outubro de 2024 receberemos de forma presencial Beatriz Udenio (EOL/AMP) para a realização da Jornada “Discursos: Ressonâncias”. Em breve divulgaremos mais informações.
Colóquio Seminário dos Ateliês de Leitura do Instituto
- No dia 30 de novembro de 2024 receberemos de forma presencial Maria do Carmo Dias Batista (AME EBP/AMP) para o trabalho em torno dos conceitos de Eu, imaginário e pulsão. A orientação se dará em três tempos: Perspectiva do Conceito, Disciplina do Comentário e Lógica do Tratamento. Em breve divulgaremos mais informações.
Núcleos de Pesquisa
Núcleo de Pesquisa em Psicanálise e Literatura
Para o ano de 2024 a proposta é a leitura de três livros de James Joyce: Um retrato do artista quando jovem, Ulysses e Finnegans Wake. Jacques-Alain Miller nos trouxe a ideia de que no seu primeiro ensino, Lacan estava de mãos dadas a Freud, não à toa ele promove uma leitura atenta e precisa de alguns conceitos importantes da obra freudiana – o que nós tentamos dar vazão em 2022 ao retornarmos aos escritos mais literários de Freud e, em 2023, irmos aos Seminários, Escritos e Outros Escritos de Lacan -, mas chegamos ao momento em que Lacan larga a mão de Freud e dá suas mãos a James Joyce, segundo Miller. Essa passagem é interessante, pois se coaduna com o chamado último ensino, especialmente a partir dos Seminários 22 e 23. De que modo Lacan se apropria da letra joyceana para dar conta do novo imaginário e seus efeitos e reverberações no corpo? Esse é o cerne da nossa pesquisa este ano.
Para isso, vamos ler esses três livros de Joyce com algumas passagens de Lacan no Seminário 23 e de Ram Mandil e Sérgio Laia, membros da EBP/AMP que se debruçaram sobre os escritos de Joyce e publicaram livros sobre eles, dentre outras referências.
Coordenação: Gustavo Ramos (EBP/AMP)
Equipe de trabalho: Eneida Medeiros (EBP/AMP) e Gresiela Nunes (EBP/AMP)
Inscrições: gustavofloripa16@gmail.com
Encontros: 1as e 3as quintas-feiras de cada mês
Horário: 20h30min às 22h
Exclusivamente presencial para Florianópolis – On-line para outras regiões
Núcleo de Pesquisa e Investigação Clínica de Psicanálise com Crianças – PANDORGA
De 2024 até 2025, a investigação do Núcleo Pandorga acompanhará os sonhos e fantasmas na criança e no adolescente, tema da 7ª Jornada do Instituto Psicanalítico da Criança do Campo Freudiano. Tendo discutido os pais exasperados e o terrível das crianças, o estatuto do pai e as incidências do discurso analítico entre 2021 e 2023, o Núcleo pretende em 2024 se formar sob a lógica do fantasma (ROY, 2023), fazendo referência ao Seminário 14 de Lacan recém-publicado. Nossa orientação perpassa a ideia de que o fantasma está em construção na infância e que a fala da criança tem o mesmo valor do significante do sonho, fazendo “o sujeito nascer ao mesmo tempo para a realidade e para o desejo” (idem).
Nesse contexto, algumas questões de pesquisa aparecem: seria possível considerarmos as ficções da criança ao pé da letra e os sonhos como um possibilidades de investigação? Como podemos pensar a fabulação e o desejo nessa construção ficcional das crianças e adolescentes no encontro com o discurso analítico? Qual a relação do fantasma com as ficções e as fabulações? Quais os recursos que a criança tem para tratar o real e, além disso, esse seria o ponto de articulação entre sonhos e fantasmas?
Nesse sentido, propomos um percurso inicial de trabalho do Núcleo visando acompanhar os movimentos conceituais na obra de Freud, Lacan e demais autores da orientação lacaniana acerca do conceito principal de “fantasma” e temas próximos, como “fantasia”, “sonho”, “desejo”, “objeto a”, “trajetos pulsionais” e “repetição”.
Coordenação: Maria Luíza Rovaris Cidade e Marcia Frassão
Inscrições: malurcidade@gmail.com
Encontros: 2as e 4as terças-feiras de cada mês
Horário: 20h30-22h
Encontros exclusivamente presenciais
Núcleo de Pesquisa sobre Psicoses
Psicoses e autismos na infância: singularidades na clínica psicanalítica.
No ano de 2023 o NPP dedicou-se ao estudo da melancolia na clínica atual, sob uma perspectiva estruturalista e borromeana. A partir da pesquisa realizada, um aspecto teórico nos demandou especial atenção, a importância fundamental da identificação na constituição subjetiva e sua particularidade na melancolia em Freud e Lacan. Muitas questões surgiram. Em muitos momentos de nosso percurso nos perguntamos qual seria a especificidade da identificação em outros tipos clínicos da psicose e também no autismo. Com relação a esse último, uma das questões que nos produziu interesse foi a compreensão de que seu estudo permite examinar mais de perto aspectos fundamentais da constituição subjetiva, como o ser vivente recebe o impacto de lalíngua e se inclui no Outro (Tendlarz, 2017, p. 1).
Indagações sobre o que acontece no estádio do espelho em cada tipo clínico da psicose e no autismo, foram recorrentes em nossa discussão. Sobre a experiência do espelho, Lacan menciona uma cena particular que situa como paradigmática na constituição do eu ideal no espaço do Outro (Lacan, 1962-1963/2005, p. 135). Trata-se do momento em que a criança vira a cabeça para o adulto atrás dela e com um sorriso tenta comunicar as manifestações de seu júbilo, por alguma coisa que a faz comunicar-se com a sua imagem especular (1962-1963/2005, p. 135). O que seria essa “alguma coisa” que ocorre entre a retificação que a criança recebe do Outro e a comunicação com a própria imagem? Foi este momento característico que gerou as perguntas que poderiam nos orientar na pesquisa deste ano: o que acontece na psicose e no autismo? Seria o autismo uma quarta estrutura ou um tipo particular de psicose?
Uma outra questão despertou também nosso interesse em estudar este tema: a epidemia diagnóstica em torno do que, na cultura, a partir do último DSM, convencionou-se chamar de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em nossas clínicas, não só nos consultórios particulares, mas sobretudo nos serviços públicos, temos presenciado cotidianamente uma demanda que cresce de forma alarmante, oriunda de famílias de crianças e também sujeitos adultos que buscam avaliação e “reabilitação” para o diagnóstico de autismo. Observamos que cada vez mais se fala de autismo sem se saber muito bem o que é. Como consequência, os debates se cristalizam em torno de recomendações emitidas pelas burocracias sanitárias, conforme assinala Laurent (2014). Este fenômeno tem convocado os psicanalistas a pensar não só a pertinência clínica, mas a relevância política de estudar o autismo diante deste cenário que tende a construir universais em que o autismo é tomado como um déficit social irreparável, apenas suscetível de ser treinado para adquirir habilidades. Nesse horizonte, não há lugar para o sujeito e nem para tratamentos singulares a partir daquilo que pode surgir como único em cada um. Esta “epidemia” nos convoca a pensar também sobre a especificidade do diagnóstico, sob transferência, para a psicanálise de orientação lacaniana. Quais as diferenças clínicas e teóricas nas psicoses e no autismo desde uma leitura estrutural e nodal?
Tocados por estas questões e ainda dentro da perspectiva de que a clínica com crianças é extremamente elucidativa para compreender a clínica com adultos, lançamos nossa proposta de trabalho para 2024.
Encontros
Inscrições: montenegroveronicapaola@gmail.com
Datas: 2as e 4as segundas-feiras de cada mês
Horário: 20h às 21h30.
Coordenação: Sandra Cristina da Silveira
Equipe: Mariana Zelis (EBP/AMP), Verônica Paola Montenegro, Mauro Agosti
Modalidade: Presencial (moradores da Grande Florianópolis). On-line (moradores de outras regiões).
Núcleo de Investigação Psicanalítica em Toxicomania e Alcoolismo – NIPTA
Toxicomania e psicoses ordinárias – da “ajuda contra” aos manejos possíveis.
Como manejar a direção da cura no tratamento das toxicomanias, quando o Outro não opera como o Outro da linguagem, mas como corpo?
Jésus Santiago em seu livro A Droga do Toxicômano apresenta a tese de que nas clínicas das adições a contraposição do esquema neurose (P – Φ) e psicose (Pº – Φº), esquema clássico da psicanálise, não dá conta de responder à clínica das adições. Se faz necessário admitir que parece haver uma falha na significação fálica, um furo, mas sem necessariamente haver a forclusão do NP. Assim sendo propõe a escrita do seguinte esquema (P – Φº). Concomitantemente e/ou consequentemente, sugere-se que nas adições o Outro está enquanto corpo.
Uma das orientações ventilada por Jésus, que se apresenta como uma primeira pista à provocação da pesquisa deste ano, é a “aplicação da clínica das psicoses ordinárias à clínica das adições.” Considerando que há uma via a seguir para o analista em face do toxicômano “É o que Lacan denomina, no âmbito do seu último ensino, analista sinthoma, concepção que ele explica mediante a expressão “ajuda contra”. Quando o sintoma é refratário à complementação pelo saber e, simultaneamente, apresenta a mesma consistência de furo que se desprende do real ininterpretável, essa ajuda vai contra o inconsciente que se apoia no Nome do Pai e se orienta no furo que consiste na inexistência do Outro do Outro, para ir além do pai, sob a condição de saber se servir do furo. A “ajuda contra” constitui-se, assim, no meio possível para fazer valer a função de enodamento do analista nas toxicomanias, pois está munido do não-todo, única chance de agir sobre o gozo à deriva e sem limites próprio a essas formas sintomáticas contemporâneas”.
Para além desta preciosa orientação, na qual pensaremos as diferentes intervenções do analista e modos de enodamentos, nos propomos o esforço de trabalho em dialogar com o tema do XXV Encontro Brasileiro do Campo Freudiano deste ano: Os corpos aprisionados pelo discurso… e seus restos
Coordenação: Leonardo Mendonça e Mauro Agosti
Equipe de trabalho: Daniel Félix
Inscrições: drmauroagosti@gmail.com
Encontros: 1as e 3as segundas-feiras de cada mês
Horário: 20h às 21h30min
Núcleo de Pesquisa em Psicanálise e Cultura
O laço nos tempos que correm
O encontro entre capitalismo e ciência não demonstra pudor ao forcluir tanto o impossível quanto as coisas do amor. Em 1972, em uma conferência realizada em Milão, Lacan percebia que o discurso dominante já era o discurso capitalista, o qual “não poderia andar melhor, mas, justamente, anda rápido demais, se consome, se consome tão bem que se consuma”[1]. A pretensão hegemônica do discurso capitalista, contudo, coloca um problema de ordem ética: uma vez que o discurso capitalista não promove a formação de laços, como pensar o agir comum humano sob seu jugo? Quando se crê que o objeto da satisfação está diretamente acessível entre os bens de consumo (enquanto uma recuperação de das Ding?), como a palavra pode produzir alguma retificação subjetiva? Como as elaborações da clínica psicanalítica podem chegar ao Outro social e ressoar sem que, nesse trajeto, se perca o fio de sua lâmina cortante? Desse modo, antes de propor uma ética para consumidores, caberia perguntar: o que é um laço social para a psicanálise? Trata-se de uma forma de regulação do gozo que, ao acomodar algo da singularidade de cada um, não se aplasta no todo? Mas como pensar o laço para além da lógica da massa? Como seria possível manter um laço levando em consideração as presentificações do gozo e aquilo que, vez e outra, excede às normatizações? Com um pouco de vergonha? Amor? Mas além disso, se “só o amor permite ao gozo condescender ao desejo”[2], isto é, se o amor é aquilo que possibilita o laço entre gozo e desejo, o que acontece com o desejo de sujeitos cuja dimensão da falta é negada? Como esses elementos tão influentes no viver-junto podem ser convocados pelo psicanalista sem que ele reduza seu bem-dizer ao rito vazio ou mesmo às expressões da mestria? Nesse horizonte problemático, é possível construir um laço sem levar em conta aquilo que vem como resto – como objeto dejeto? Essas são, portanto, algumas das questões em torno das quais trabalharemos ao longo deste ano de 2024.
Coordenação: Diego Cervelin e William Leiria
Inscrições: cervelin.diego@gmail.com
Encontros nas 2as e 4as quintas-feiras de cada mês, às 20h30, na sede do ICPOL-SC (modalidade online disponível apenas para participantes não residentes em Florianópolis).
Ateliês de Leitura
Ateliê de leitura de textos freudianos
O ateliê de leitura de textos freudianos está retornando suas atividades neste segundo semestre. Nas leituras deste ano nos detivemos sobre o conceito freudiano de pulsão, destacado por Lacan, em seu Seminário 11, como um dos “quatro conceitos fundamentais da Psicanálise”.
Concluímos a leitura de «As pulsões e seus destino» e prosseguiremos neste semestre com “Além do princípio de prazer”, texto em que Freud revoluciona a Psicanálise ao reformular sua teoria das pulsões.
Os encontros são presenciais e quinzenais e as inscrições podem ser feitas no link https://forms.gle/21jXFVLv84uR4AJS6
Responsáveis: Juliana Rego Silva e Paula Lermen
Horário: 18h30-20h. Atividade presencial.
Local: Sede do ICPOL-SC
Ateliê de leituras lacanianas – Seminário 1
O Ateliê de Leituras Lacanianas se propõe a se debruçar no Seminário 1 de Jacques Lacan – ” Os escritos técnicos de Freud” – ao longo de 2024. A aposta de trabalho é de realizar um retorno ao princípio do ensino de Lacan podendo colher, através de leituras sistemáticas e conversações, princípios da prática psicanalítica no campo da episteme, da clínica e da política. No Seminário 1, poderemos nos debruçar sobre a leitura que Lacan faz de Freud em torno da questão que nunca cessa de se inscrever: o que se faz quando se faz psicanálise?
O Seminário nos coloca a trabalho a partir de conceitos que seguem sendo fundamentais na práxis psicanalítica como: resistência, imaginário e transferência. Assim, propomos não tomar a letra de Lacan como gasta e abrir vias para vida própria de suas palavras, apostando na transmissão que dá lugar tanto à investigação sistemática entre pares quanto às questões singulares dos participantes.
O Ateliê acontecerá nas 2as e 4as segundas-feiras de cada mês das 18h às 19h30 presencialmente na sede do ICPOL/SC.
Responsáveis: Maria Luiza R. Cidade e Mariana Queiroz
Inscrições: https://forms.gle/21jXFVLv84uR4AJS6